educación, enseñanza de las ciencias, investigación académica, Unidal-MG, PPGE, Programa de Posgrado en Educación
O dossiê: "Juventudes e Educação: múltiplos olhares acerca das condições e das culturas juvenis” foi organizado por cincos pesquisadores que investigam a condição juvenil, a saber: Prof. Dr. Luis AntonioGroppo (UNIFAL-MG); Prof. Dr. Victor Hugo Nedel Oliveira (UFRGS); Prof. Dr. Flávio Munhoz Sofiati (UFG); Prof. Dr. Aldimar Jacinto Duarte (PUC Goiás); e Prof. Dr. Vinicius Oliveira Seabra Guimarães (NPGPERC/FAP). Nesse sentido, o dossiê possibilitou a reunião, integração e apresentação de pesquisasque compreende m a categoria juventude em suas especificidades e pluralidade.
O Dossiê temático recebeu artigos que deram evidência àcondição juvenil na contemporaneidade abarcando seus desdobramentos formativos, assim como demonstrando os possíveis imbricamentos entre juventude e os seguintes submetas: juventude rural e ensino médio integrado; pastoral da juventude; participação política de jovens secundaristas; movimento estudantil; relações inter-religiosas entre as juventudes; práticas educativas presentes nas ocupações secundaristas; políticas socioeducativas para jovens;cinema e representações da juventude. Desta forma, os artigos fizeram abeiramentos com as pesquisas em educação sobre juventude, destacaram os sentidos atribuídos à juventude e enfatizaram a participação sócio-política das juventudes em seus mais diversos espaços formativos.Essas temáticas interligadas criaram uma teia consistentee suficientemente capaz de dimensionar o dinamismo e a pluralidade do que é ser jovem no Brasil nessas primeiras décadas do século XXI.
O Dossiê temático como foiconstituído se torna uma importante construção coletiva no percurso investigativo acerca da condição juvenil no Brasil, pois visa tecer uma teia de caminhos teóricos, metodológicos, formativos e educacionais que contemplem as juventudes como atores sociais em evidência na atualidade, apresentando as diversas condições e as múltiplas formas de representação cultural que tornam as juventudes uma construção histórico-social.Isso posto, contrariando a lógica do discurso neoliberal em que se atribui o sucesso ou fracasso unicamente aos indivíduos, tais artigos demonstram que ser jovem é estar integradoàsinstâncias socializadoras e formativas que constituem a identidade e a representação social desses sujeitos. Ser jovem, portanto, é constituir-se de significados coletivos.
Há muitas maneiras de se viver a juventude e de se participar politicamente da vida social. Logo, se há juventudes conservadoras, também há juventudes mais alinhadas alógicas progressistas. Posto isso, fica notório que as análises proporcionadas pelo Dossiê estão visivelmente mais alinhadas a dar destaque para as juventudes progressistas, demonstrando que esses jovens buscam uma práxis libertadora aliada a um pensamento decolonial de resistência e enfrentamentos. Nesse percurso, se reafirma serem os jovens atores sociais em evidência no cenário atual.
Os artigos reafirmam o postulado de que a juventude é plural e não há uma única forma de se viver a juventude, mas isso não a torna amórfica ou invertebrada. Logo, não há uma única maneira de se experienciar a juventude, por conseguinte, não há um único percurso teórico-metodológico para se compreender a condição juvenil. Todavia, na busca de identificar características comuns às culturas juvenis poderíamos tatear a percepção de que,apesar de totalmente distintos os contextos, estão esses jovens em condição de luta, resistência e enfrentamento. Obviamente, que cada qual a sua maneira e defendendo suas crenças, valores e ideologias a partir daquilo que os constituem jovens em seus territórios e espaços formativos. Nesse sentido, o conjunto dos textos consegue apontar caminhos e clarear direções conceituais que tracejam pontos em comum frente a tamanha diversidade intrínseca à categoria juventude.
As juventudes, como descritas e compreendidas nesses artigos, reafirmam a perspectiva de que ser jovem implica em um estado de inconformidade, ao mesmo tempo em que se demonstra certa inconclusividade. Todavia, isso não significa necessariamente incompreensão ou desorientação em relação às suas historicidades e intencionalidades. Pelo contrário, a inquietação que os impulsiona é exatamente a força que produz os estranhamentos necessários para a conscientização coletiva inerente a esses sujeitos sociais. Logo, quer seja nas lutas pela terra, ou nos embates religiosos, bem como na militância dos movimentos estudantis, assim como em todos os atos de resistência político-social destacados no Dossiê, são esses jovens centrais para se compreender as estruturas de poder que amoldame sustentam a realidade social deste Brasil de hoje.
O material que apresentamos à comunidade científica e demais interessados no campo também dá indicativos de que é a Educação uma das principais plataformas de visibilidade social das pautas e causas juvenis, isso porque, de forma geral, a própria categoria juventude se constitui a partir dos processos formativos a que estão submersos, quer sejam esses processos formais, não-formais ou informais. O Dossiê traz indicativos que aEducação é um espaço de disputa que reverbera a condição juvenil, sendo isso historicamente constituído no campo das análises das juventudes. Dessa forma, a Sociologia da Juventude está muito próximo da Sociologia da Educação, conectando esses jovens a uma rede de tramas e dramas da vida social.
Enfim, estudar, investigar e pesquisar a categoria juventude é imergir em um oceano de possibilidades teórico-metodológicas. Cada novo artigo publicado traz em si possibilidades de um novo olhar, na verdade,múltiplos olhares. Por essa razão, o dossiê encontra-se alinha à linha editorial da Revista Indagações em Educação (IeE), reforçando a noção de que as juventudes estão integradas às práticas educativas e que são eles também produtoras de novos processos formativos. Logo, dar maior evidência científica à representação social e a participação política das juventudes possibilita avançar um pouco mais na compreensão das condições e das culturas juvenis.