Aspectos da loucura em Bartleby, o escrivão
Palavras-chave:
Bartleby; doença; loucura.Resumo
O presente ensaio tem como objetivo desenvolver, a partir de algumas considerações de Michel Foucault e Gilles Deleuze, uma reflexão sobre a loucura em Bartleby, o escrivão, de Herman Melville. No conto, Bartleby, após se recusar a executar o seu trabalho de escrivão no escritório de advocacia, é diagnosticado pelo chefe, advogado e narrador, como “vítima de inata e incurável doença”. Para tratar desse diagnóstico, tomamos como ponto de partida o comentário de Foucault a respeito da diferenciação entre doença mental e loucura. Mantendo diálogo fecundo com a literatura e tentando apontar uma experiência da loucura, Foucault pensa sobre a prática médica, que, por meios técnicos, trabalha para controlar e abordar a loucura como simples patologia. Por sua vez, Gilles Deleuze, em seu comentário sobre o conto de Melville, parece investir na potência política da loucura, ao compreender que o escrivão possui uma “vocação esquizofrênica”. Assim, Bartleby não seria propriamente um doente terminal, pois, embora tomado por um mutismo quase completo e pela falta de apetite, paradoxalmente teria a capacidade de indicar uma cura.
Referências
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