Aspectos da loucura em Bartleby, o escrivão

Autores

  • Samuel Rezende Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

Bartleby; doença; loucura.

Resumo

O presente ensaio tem como objetivo desenvolver, a partir de algumas considerações de Michel Foucault e Gilles Deleuze, uma reflexão sobre a loucura em Bartleby, o escrivão, de Herman Melville. No conto, Bartleby, após se recusar a executar o seu trabalho de escrivão no escritório de advocacia, é diagnosticado pelo chefe, advogado e narrador, como “vítima de inata e incurável doença”. Para tratar desse diagnóstico, tomamos como ponto de partida o comentário de Foucault a respeito da diferenciação entre doença mental e loucura. Mantendo diálogo fecundo com a literatura e tentando apontar uma experiência da loucura, Foucault pensa sobre a prática médica, que, por meios técnicos, trabalha para controlar e abordar a loucura como simples patologia. Por sua vez, Gilles Deleuze, em seu comentário sobre o conto de Melville, parece investir na potência política da loucura, ao compreender que o escrivão possui uma “vocação esquizofrênica”. Assim, Bartleby não seria propriamente um doente terminal, pois, embora tomado por um mutismo quase completo e pela falta de apetite, paradoxalmente teria a capacidade de indicar uma cura.

Biografia do Autor

Samuel Rezende , Universidade Federal de Minas Gerais

Realiza pesquisa de doutoramento sobre a poesia de Carlos Drummond de Andrade na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), instituição em que obteve o grau de mestre em Estudos Literários com dissertação sobre a poesia de Eloésio Paulo. Bacharel em Letras (português/espanhol) pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), onde desenvolveu pesquisas de iniciação científica sobre mímesis, modernidade e pós-modernidade e trabalho de conclusão de curso sobre poesia hispano-americana, concluiu a Formação Pedagógica em Pedagogia pelo Centro Universitário Newton Paiva. Na Faculdade de Letras da UFMG, atuou como professor voluntário e estagiário em disciplinas da graduação em Letras e como tutor do curso de Especialização em Língua Portuguesa (Proleitura).

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Bartleby, ou da contingência. Trad. Vinícius Honesko. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.
DELEUZE, Gilles. Bartleby, ou a fórmula. Em: ______. Crítica e clínica. Trad. Peter Pál Pelbart. São Paulo: Editora 34, 1997, p. 80-103.
________. Da superioridade da literatura anglo-americana. Em: DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. Trad. Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Escuta, 1998, pp. 48-91.
FOCAULT, Michel. A loucura, ausência de obra. Em:______. Ditos e escritos I. Problematização do sujeito: Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999, p. 210-219.
_______. O pensamento do exterior. Em: ______. Estética: Literatura e pintura, música e cinema. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009, 219-242.
_______. O filósofo mascarado. Disponível em: <http://www.lite.fe.unicamp.br/papet/2002/fe190d/texto08.htm>. Acesso em: 16 mai. de 2018.
HILLIS MILLER, J. Who is He? Melville’s “Bartleby, the Scrivener”. Em: _______. Versions of Pygmalion. Cambrigde: Harvard University Press, 1990, pp. 141-178.
MELVILLE, Herman. Bartleby, the Scrivener: a Story of Wall-Street. Disponível em: <http://moglen.law.columbia.edu/LCS/bartleby.pdf>. Acesso em 12 mar. de 2018.

Downloads

Publicado

27-01-2022

Como Citar

REZENDE, Samuel. Aspectos da loucura em Bartleby, o escrivão. Trem de Letras, [S. l.], v. 9, n. 1, p. e022005, 2022. Disponível em: https://publicacoes.unifal-mg.edu.br/revistas/index.php/tremdeletras/article/view/1417. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos - Estudos Literários