Inglês como língua adicional na BNCC: um reflexo da transição entre Modernidade e Pós-Modernidade
Resumo
Elaborada de forma colaborativa, com a participação da sociedade civil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) surgiu como um desenrolar da Lei de Diretrizes e Bases, de forma a padronizar o ensino na educação básica, com o intuito de garantir a diminuição da desigualdade de oportunidades aos estudantes brasileiros. Como documento normativo, a BNCC segue os padrões epistemológicos cartesianos e newtonianos de construção e organização de conhecimento. Por outro lado, com a intenção de preparar estudantes para necessidades sociais pós-modernas, o documento se propõe como uma abordagem inovadora, principalmente em se tratar de perspectivas e abordagens que favoreçam o convívio social e o respeito às diferenças. Dessa forma, temos, na BNCC, um documento que reproduz epistemologias modernas, enquanto busca atender a demandas pós-modernas. Ou seja, um verdadeiro reflexo do conflituoso momento de transição entre modernidade e pós-modernidade em que nos encontramos. Este artigo de caráter analítico contemplativo traça uma reflexão acerca da BNCC como um espelho deste momento de transição. A discussão é elaborada a partir de uma revisão teórica que passa da modernidade à pós-modernidade com base na análise da BNCC elaborada por Ribas (2018), percorrendo temáticas como a exclusão e o conceito de humanidade sob a lente da decolonialidade, e trazendo conceitos como a desobediência epistêmica conforme Mignolo (2021) e o letramento crítico conforme Monte Mór (2018) Souza (2011) e Mattos (2015).
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