Linguagem e poder na ficção: uma análise crítica do discurso da obra 1984, de George Orwel

Autores

  • Renata Kelli Modesto Fernandes Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Campus Rondonópolis
  • Flaviane Faria Carvalho Universidade Federal de Alfenas

Palavras-chave:

Distopia; Poder; ACD; Ideologia.

Resumo

Este trabalho buscou analisar o discurso totalitário presente na obra 1984, de George Orwell, a partir da configuração do discurso de poder e controle usado pelo Estado, bem como das reflexões feitas pelos personagens principais, Winston e Julia, como forma de resistência a esse sistema de governo. A análise foi orientada pela concepção de discurso proposta por Fairclough (2001; 2003) e Halliday (1970; 1985), assim como pela teoria crítica da ideologia cunhada por Thompson (1995). A análise nos permitiu identificar o modo como as vozes do discurso de ódio ecoam das personagens e compõem o ambiente ficcional distópico. Vimos, por um lado, determinadas estruturas linguísticas (verbos, substantivos, advérbio, por exemplo) servindo ao interesse da dominação e controle do sistema político daquela sociedade ficcional. Para além disso, foi possível desvelar a articulação ideológica presente em alguns personagens como O Grande Irmão e O’Brien por meio da identificação dos modos de operação da ideologia. Por outro lado, estão presentes estruturas características do ideal libertário (negação, verbos ligados ao sentimento, por exemplo). Em suma, razão e sentimento compõem o embate ideológico desta obra.

Biografia do Autor

Renata Kelli Modesto Fernandes , Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Campus Rondonópolis

Possui licenciatura em Letras- Habilitação em Língua Portuguesa, Inglesa e Respectivas Literaturas pela Universidade do Estado de Mato Grosso (2001) e pós-graduação em Linguística, Língua e Discurso pela UNEMAT (2006). É mestre em Linguística Aplicada -Estudos Ingleses e Americanos - pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Portugal). Atualmente, é doutoranda no programa de Estudos Literários da UNEMAT - MT. Faz parte do quadro efetivo de professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso. Possui experiência na área de Letras, com ênfase em língua inglesa. Realiza atividades regulares de ensino de Inglês Instrumental, Língua Inglesa e Língua Portuguesa no IFMT/Campus Rondonópolis.

Flaviane Faria Carvalho, Universidade Federal de Alfenas

É graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Viçosa (2006), mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007), e doutora em Linguística Aplicada pela Universidade de Lisboa (2012). Tem experiência nas áreas de Linguística Aplicada e Comunicação Social, atuando principalmente nos seguintes temas: semiótica social, multimodalidade, análise crítica do discurso, multiletramentos, gêneros textuais, escrita acadêmica, roteiro e produção de documentário, editoração e assessoria de comunicação. É Presidente do Conselho Editorial da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Alfenas e investigadora do Núcleo de Estudos de Linguagem e Sociedade (NeLIS/UnB). Foi Analista de Treinamento do Grupo UOL Educação, Professora do SENAC-MG e do Curso de Jornalismo do Centro Universitário do Sul de Minas. Atualmente é Professora Adjunta do Curso de Letras da Universidade Federal de Alfenas.

Referências

BAKHTIN, Michael. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BERRIEL, Carlos Eduardo Ornelas. Utopia, distopia e história. Revista Morus – Utopia e Renascimento. Nº 2, p. 4-10, 2005. Disponível em: https://www.unicamp.br/~berriel/arquivos/berriel_prod_3.pdf. Acesso em: 30 nov. 2020.

CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. 9. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.

FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Trad. Izabel Magalhães. Editora UnB, 2001.

______. Analysing discourse: textual analysis for social research. London: Routledge, 2003.

FOULCAULT, Michel. Microfísica do poder. 29. ed. São Paulo: Graal, 2011.

______. A Ordem do Discurso. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

______. Em Defesa da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

LACAN, Jacques. (1953-1954). O seminário, livro 1: Os escritos técnicos de Freud. Versão brasileira de Betty Milan. 3ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1986. Disponível em: https://joaocamillopenna.files.wordpress.com/2019/08/lacan-os-escritos-tecc81cnicos-de-freud-1953-1954-1996-zahar-1.pdf. Acesso em: 15 dez. 2020.

MACAULAY, Rose. What not: a prophetic comedy. New York: Chasma Press, 2015.

MOYLAN, Tom; CAVALCANTI, Ildney (Ed.); BENÍCIO, Felipe (Ed.). Distopia: fragmentos de um céu límpido. Trad. Felipe Benício, Pedro Fotunato e Thayrone Insen. Maceió: Edufal, 2016.

ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995.

ZAMIATIN, Eugene. Nós. Tradução de Lia Alverga. Rio de Janeiro: Anima, 1983.

Downloads

Publicado

01-03-2021

Como Citar

FERNANDES , Renata Kelli Modesto; CARVALHO , Flaviane Faria. Linguagem e poder na ficção: uma análise crítica do discurso da obra 1984, de George Orwel. Trem de Letras, [S. l.], v. 8, n. 1, p. e021007, 2021. Disponível em: https://publicacoes.unifal-mg.edu.br/revistas/index.php/tremdeletras/article/view/1344. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

v. 8 n. 1 (2021): Tema livre (Publicação contínua)

Seção

Artigos - Estudos linguísticos

Licença

1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre


Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:

    1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.

 

    1. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.

 

    1. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, no todo ou em partes, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.