Políticas e ideologias na língua espanhola: o que define a língua que falamos?
Palavras-chave:
Políticas linguísticas, língua espanhola, glotopolíticaResumo
O capítulo aqui resenhado intitula-se “Lengua, patria común: la hispanofonía y el nacionalismo panhispánico”, autoría de José del Valle. Neste capítulo, o autor pretende analisar os discursos que emergem dos espaços institucionais nos quais se desenham e se implementam a promoção da língua espanhola. Valle aponta a existência de uma tensão entre a rejeição explícita da ideologia do nacionalismo linguístico e a adoção implícita dos esquemas conceituais dessa mesma ideologia. O autor apresenta como marco dessa tensão a aprovação da Constituição Espanhola em 1978, marcada pela tentativa de definir a Espanha como Estado-nação e, por consequência, de adotar um modelo apropriado para a organização administrativa do Estado. Esse projeto de modernização e construção nacional enfrentou complexos problemas linguísticos, visto que tiveram que lidar com o caráter plurilíngue do país na tentativa de estabelecer uma língua nacional. Embora houvesse respaldo na constituição (art. 3), no sistema dos Estatutos das Autonomias e das respectivas leis de normalização linguística nas comunidades autônomas, as disputas sobre qual língua falar e ensinar persistiram e ainda persistem. O objetivo dessas políticas linguísticas era inverter o cenário no qual as línguas das comunidades estavam sendo substituídas pelo espanhol, no entanto, Valle aponta práticas que vão contra essa perspectiva. Portanto, José del Valle, a fim de sustentar sua tese, nos apresenta as estratégias e/ou argumentos, levantados por aqueles que defendem a unitariedade da língua espanhola, em território nacional e internacional, em detrimento das línguas, em termos geográficos e populacionais, minoritárias das comunidades. Sobre esse capítulo, três pontos serão comentados: hispanofonía; rentabilidade; e nacionalismo linguístico.
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1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
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