AS MEMÓRIAS SUBTERRANEAS DE ANNIE ERNAUX EM "O ACONTECIMENTO" (2000)
DOI:
https://doi.org/10.32988/rep.v13n1.2405Palavras-chave:
Annie Ernaux, autobiografia, literatura francesa, memórias subterrâneas, Michael PollackResumo
Em 2000, a escritora francesa Annie Ernaux publica L'Evénement (traduzido no Brasil pela Editora Fósforo em 2022 como O acontecimento), um relato autobiográfico sobre o aborto que realizou aos 23 anos, em 1963, quando o procedimento era ilegal na França. O memoir vem à tona vinte e cinco anos depois da legalização no país, em 1975. Haja vista o conceito de memórias subterrâneas de Michael Pollack, aquelas de grupos marginalizados que são “proibidas” e, portanto, “clandestinas”, Ernaux quebra os tabus e os silenciamentos ao redor do tema e o insere no espaço público ao publicar suas obras, trazendo atenção mundial para o assunto ao ganhar o Prêmio Nobel em 2022 e colocar seu projeto literário em evidência, que recebe traduções em vários países. Com o auxílio de seu diário, Ernaux resgata em O acontecimento a memória de sua experiência pessoal, mas que foi vivida por outras mulheres e mantida em segredo na época, e muitas vezes até hoje.
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