Tensão entre escrita e oralidade no ensino-aprendizagem do português na etnia Balanta Brassa (Tombali) da Guiné-Bissau
DOI:
https://doi.org/10.32988/rep.v1i7.846Palavras-chave:
Guiné-Bissau, Português, Oralidade, Escrita, Etnias.Resumo
A política e o planejamento linguísticos da Guiné-Bissau atribuiu o poder ao português desprezando as diversas línguas locais: o crioulo, - a língua falada por pouco mais de 90% dos guineenses e as línguas étnicas. A pesquisa tem como objetivo analisar a partir de um olhar baseado na perspectiva antropológica, sociológica e sociolinguística sobre a tensão entre a escrita e a oralidade, as consequências da língua portuguesa no processo de ensino-aprendizagem na Guiné-Bissau, especificamente, na etnia Balanta Brassa localizada no sul do país. É uma pesquisa bibliográfica que levanta o estado do problema da implicância do ensino da língua portuguesa na Guiné-Bissau, especialmente na etnia acima mencionada. Da pesquisa observa-se que a Guiné-Bissau possui uma enorme diversidade cultural, na qual coabitam mais de vinte grupos étnicos, com as suas línguas e culturas específicas, fortemente ancoradas na tradição oral. A etnia Balanta tem uma ligação forte com sua tradição oral, através da qual os mais velhos passam ensinamento aos mais novos. Conclui-se que muitos alunos não têm domínio da língua portuguesa devido à interferência das suas línguas maternas; como também, não existe uma metodologia adequada para o ensino do português, fatos que criam obstáculos no ensino do país.Referências
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