AS HORAS E OS LIVROS EM MARIA GABRIELA LLANSOL
(RE)ESCRITAS DE UMA MEMÓRIA FUTURA
Palavras-chave:
escrita, re(escrita), caderno, livro, diárioResumo
A obra de Maria Gabriela Llansol (1931-2008) destaca na literatura portuguesa pela singularidade luminosa dos seus “reais não existentes” mas, igualmente, por um trabalho exaustivo de reescrita dos seus textos – facto que lhe tem valido o qualificativo de hermética. Longe de um hermetismo inextrincável, a escrita de Llansol deve muito a um aturado trabalho de edição e reescrita que hoje se torna mais evidente pela publicação póstuma dos Livros de Horas, e que é constantemente ignorado pela crítica. Neste sentido, este artigo pretende, numa primeira parte, questionar e refletir sobre o lugar destes livros na economia geral da obra llansoliana, relacionando a sua forma aparentemente diarística com a concepção de diário na escrita de Llansol, para, numa segunda parte, desenvolver o argumento de como ato de reescrita é o gerador do cruzamento entre a memória íntima e memória colectiva, utilizando as reflexões de Giorgio Agamben, Walter Benjamin e Susan Sontag, assim como a fortuna crítica da autora.
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