A Crise das Democracias

o Caso Brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.15802603

Palavras-chave:

Crise da democracia, Neoliberalismo, Brasil contemporâneo

Resumo

Este artigo analisa as implicações e especificidades da crise da democracia no Brasil a partir da contraposição entre duas matrizes interpretativas: a abordagem institucionalista dominante, representada por autores como Levitsky e Ziblatt, e a abordagem crítica, com destaque para a obra de Luís Felipe Miguel. Argumenta-se que, embora a literatura dominante seja capaz de identificar sintomas de degradação democrática – como a erosão das normas informais, o avanço do autoritarismo e a fragilização das instituições –, ela falha em explicar suas causas estruturais, especialmente em contextos periféricos e desiguais. A abordagem crítica, por sua vez, destaca a centralidade das desigualdades sociais e da hegemonia neoliberal como elementos que tensionam os pressupostos igualitários da democracia. O artigo também examina interpretações complementares, como as de Castells, Brown, Fraser e Dardot et al., e aplica esse referencial ao caso brasileiro, com foco na ascensão de Jair Bolsonaro e na crise do lulismo. Conclui-se que as crises das democracias não podem ser plenamente compreendidas sem considerar os efeitos da ordem capitalista na configuração institucional e representativa da política. No caso brasileiro, o predomínio do veto econômico sobre o voto popular ilustra os limites estruturais da democracia liberal em contextos de extrema desigualdade.

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Publicado

07/03/2025

Como Citar

Camargo Filho, U. F. de. (2025). A Crise das Democracias: o Caso Brasileiro. Cadernos De Estudos Interdisciplinares, 7(2), e722514. https://doi.org/10.5281/zenodo.15802603