“LISPECTADOR”: A PULSÃO DE MORTE COMO PULSÃO CRIATIVA EM UM SOPRO DE VIDA
Resumo
“Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas”, sentenciou Clarice Lispector, quando a indagavam acerca de tessitura de suas narrativas. Nesse seguimento, este artigo se arvorou a penetrar no universo movediço do romance Um Sopro de Vida, para analisar a pulsão de morte como pulsão criativa, a partir do conceito elaborado por Freud (1996), dentre outras abordagens, na construção do enredo. No que compele aos aspectos metodológicos, optou-se pela investigação exploratório-descritiva e bibliográfica, bem como os estudos acerca do estilo clariceano e as relações epistemológicas entre Literatura, Psicanálise e Filosofia de Braga (2020), Iser (1974), Agamben (1991), Schopenhauer (2000), Heidegger (1927), Becker (1973), Ricoeur (2007), entre outros. Resultou-se que os registros imagéticos da morte evocam múltiplas pulsões criativas das quais se serve a autora para redefinir uma estética de produção e uma estética da recepção.
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