RELAÇÕES ENTRE CORPO, FORMAÇÃO CULTURAL, FORMAÇÃO DISCURSIVA E FORMAÇÃO IMAGINÁRIA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.32988/rep.v12n1.2095

Palavras-chave:

formação cultural; formação imaginária; formação discursiva; análise de discurso

Resumo

Este texto buscar estabelecer relações de conjunção entre os conceitos de formação cultural, formação imaginária e formação discursiva, em busca de propiciar um tratamento paradoxal conferido ao corpo. Nesse panorama, a atenção é voltada ao corpo do sujeito drag queen, que materializa uma posição de eu e, ao mesmo tempo, a nega como sendo sua. Esse corpo é e não é eu, é e não é mulher, artista e público, voz e silêncio. A ideia de um corpo unificado, completo, cede espaço à concepção materialista da contradição, recoberta sempre e incessantemente pela ordem da ideologia, que visa encobrir as disputas assimétricas que originam e atravessam a formação social. Em pedaços, esse corpo só se apresenta de forma completa por ação do tamponamento ideológico que procura formatá-lo desse modo, além de, por ação de controle, moldá-lo de acordo com as determinações estéticas regidas pela formação cultural em dominância. A cultura atua nesse esquema tanto como instância de regulação de um imaginário de corpo, quanto como espaço de dissimulação das incoerências que circundam essa imagem formulada, ideal de existência de um único corpo possível.

Biografia do Autor

Isaac Costa, Universidade de Pernambuco - Campus de Garanhuns

Isaac Itamar de Melo Costa é professor colaborador do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade de Pernambuco (PROFLETRAS - UPE). Laureado em Licenciatura em Letras - Português, Inglês e suas respectivas literaturas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Garanhuns (2014), mestre em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (2016) e doutor em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2023). Tem experiência em áreas de estudo relacionadas à Linguística, como a Semântica, a Filosofia da Linguagem e a Análise de Discurso, atuando principalmente nos seguintes temas: discurso e corpo; língua, linguagem e ideologia; sujeito e inconsciente; classe, raça e gênero; feminismos e arte. Sua área de interesse na pesquisa mais recente tem sido a interface entre o discurso, o corpo e o campo das artes, sobretudo na performance. É membro do Grupo de Pesquisa Oficinas de Análise do Discurso: conceitos em movimento, liderado pela Profa. Dra. Maria Cristina Leandro Ferreira, e um dos coordenadores do Grupo de Estudos e Pesquisas em Análise de Discurso Pecheutiana da UPE (GepAD/UPE).

Referências

BAUMAN, Zygmunt. Ensaios sobre o conceito de cultura. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2012.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. 16. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
CAMPOS, Luciene Jung; NECKEL, Nádia. Olhares táteis: corpo atravessado, o sujeito que resta. In: GRIGOLETTO, Evandra; DE NARDI, Fabiele Stockmans (org.). A Análise de Discurso e sua história: Avanços e perspectivas. Campinas: Pontes, 2016.
CANÇADO, Márcia. Manual de Semântica: noções básicas e exercícios. 2. ed. 4. reimp. São Paulo: Contexto, 2022.
CARPILOVSKY, Alexia. Passabilidade: a aparência também como barreira para trans no trabalho. Matéria publicada em 4 fev. 2020. Colabora. [Site do Projeto Colabora]. Disponível em https://bit.ly/3sSUhAL. Acesso em mar. 2022.
CHKLOVSKI, Viktor. A Arte como Procedimento. In: TEORIA da Literatura: Formalistas Russos. Porto Alegre: Globo, 1976.
LEANDRO-FERREIRA, Maria Cristina. A Resistência da língua nos limites da Sintaxe e do Discurso: da ambiguidade ao equívoco. 1994. 166 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP. Campinas: UNICAMP, 1994.
LEANDRO-FERREIRA, Maria Cristina. O lugar social e da cultura numa dimensão discursiva. In: INDURSKY, Freda; LEANDRO-FERREIRA, Maria Cristina; MITTMANN, Solange (org.). Memória e história na/da análise do discurso. Campinas: Mercado de Letras, 2011, p. 55-64.
______. Resistir, resistir, resistir... Primado prático discursivo! In: SOARES, Alexandre Ferreira et al. (org.). Discurso, resistência e... Cascavel: EDUNIOESTE, 2015, p. 159-169.
PÊCHEUX, Michel. Análise Automática do Discurso (AAD-69) [1969]. In: GADET, Françoise; HAK, Tony (org.). Por uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Tradução de Bethania Mariani et al. Campinas: Editora da UNICAMP, 1990, p. 61-162.
PÊCHEUX, Michel. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio [1975]. Tradução de Eni Orlandi. 5. ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 2014.
______. Linguística e marxismo: Formações ideológicas, aparelhos ideológicos de Estado, formações discursivas [1976]. In: OLIVEIRA, Guilherme Adorno de; NOGUEIRA, Luciana (org.). Encontros na análise de discurso: efeitos de sentido entre continentes. Campinas: Editora da UNICAMP, 2019, p. 307-325.
PIMENTEL, Aguimário. A cultura como paradoxo: Representações da mulher no discurso jornalístico (1888-1910). 2021. Tese (Doutorado em Linguística) – Departamento de Comunicação, Letras e Artes, Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL-UFPE). Recife: UFPE, 2021.
PRECIADO, Beatriz [Paul Preciado]. Manifesto Contrassexual. Tradução de Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: n-1 edições, 2014.

Downloads

Publicado

24-10-2023

Como Citar

Costa, I. (2023). RELAÇÕES ENTRE CORPO, FORMAÇÃO CULTURAL, FORMAÇÃO DISCURSIVA E FORMAÇÃO IMAGINÁRIA. Revista (Entre Parênteses), 12(1), 1–17. https://doi.org/10.32988/rep.v12n1.2095

Edição

Seção

DOSSIÊ NAS TEIAS DA LINGUAGEM