VIOLÊNCIA SIMBÓLICA, ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E LITERATURA: A RELAÇÃO ORDEM/DESORDEM EM “DEDO-DURO”, DE JOÃO ANTÔNIO
DOI:
https://doi.org/10.32988/rep.v2i7.789Palabras clave:
Violência social, Desordem social, João AntônioResumen
No “Corpo-a-corpo com a vida” (1975), considerado o manifesto de sua literatura, João Antônio exalta a necessidade de nossas obras lidarem com o povo e com o fato social brasileiro. Para ele, a literatura brasileira deveria tratar do levante e da melhoria desse povo, sendo este o seu principal motivo de ser. Partindo deste pressuposto, analisamos o conto “Dedo-duro” (1982) pretendendo demonstrar, segundo as premissas expostas por Jessé Souza (2009), na primeira e na segunda história do texto (PIGLIA, 2004), uma possível manifestação da violência simbólica que afeta e estratifica nossas classes sociais. Argumentamos que se aplicarmos uma releitura dos conceitos de ordem e desordem (CANDIDO, 1970) seremos capazes de enxergar, no texto literário, a manifestação dessa violência simbólica em atuação para definir a posição social das personagens; e, analogicamente, também a de suas representantes na vida fora dos livros. Essa prática, se comprovada, torna interno um elemento que, externo ao texto, permite que a sociedade brasileira continue organizada segundo a lógica social que ajuda a explicar a manutenção da desigualdade social brasileira. Essa lógica, uma vez interna à obra, atua no texto e em sua organização estética, fazendo do movimento entre ordem e desordem social sua característica principal.
Citas
ANTÔNIO, João. Corpo-a-corpo com a vida. In: ______. Malhação do Judas Carioca. Rio de Janeiro: Record, 1975. p. 141-151.
______. Dedo duro. In: ______. Contos reunidos. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
AUTOR, 2017.
BOURDIEU, P. Sobre o poder simbólico. In: ______. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. p. 7-16.
CANDIDO, Antonio. Na noite enxovalhada. In: ANTÔNIO, João. Contos reunidos. São Paulo: Cosac Naify, 2012. p. 577-582
______. A nova narrativa. In: A educação pela noite e outros ensaios. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2006. p. 241-260.
______. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. São Paulo: T. A. Queiroz, 2000.
______. Dialética da malandragem. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 8, p. 67-89, 1970.
______. et al. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2005.
CORTÁZAR, Julio. Do conto breve e seus arredores. In: ______. Valise de Cronópio. Rio de Janeiro: Record, 2013. p. 227-237.
LEITE, Ligia Chiappini Moraes. O foco narrativo (ou A polêmica em torno da ilusão). São Paulo: Ática, 1985.
ORNELLAS, Clara Ávila. Aspectos iniciais da trajetória literária de João Antônio, Via Litterae, v. 3, p. 145-149, 2011.
PIGLIA, Ricardo. Formas breves. São Paulo: Cia das Letras, 2004.
POE, Edgar Allan. Filosofia da composição. Poemas e Ensaios. São Paulo: Globo, 1999. Disponível em: http://paginapessoal.utfpr.edu.br/mhlima/FILOSOFIA%20DA%20COMPOSICaO%20Poe.pdf/view. Acesso em: 12 abr. 2018.
SCHWARZ, Roberto. “Pressupostos, salvo engano, de “Dialética da malandragem”. In: ______. Que horas são. São Paulo: Companhia das Letras, 1979. v. 2, p. 129-155.
SILVA, J. C. B.. João Antônio e seu projeto literário: corpo-a-corpo com o Brasil? In: XI SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA DA LITERATURA, 11., 2015, Porto Alegre. Anais… Porto Alegre: EDIPCURS, 2015. p. 1-9.
SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: editora UFMG, 2009.
______. A tolice da inteligência brasileira: ou como o país se deixa manipular pela elite. São Paulo: LeYa, 2015.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Os direitos autorais para trabalhos científicos são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Como esta é uma revista eletrônica de acesso público, os artigos são de uso gratuito, em aplicações educacionais e não-comerciais, devendo ser observada a legislação sobre direitos autorais, em caso de utilização dos textos publicados nesta revista.
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado