Doações: principal fonte de receitas da Santa Casa de Misericórdia da Bahia no século XVIII
Resumo
O objetivo deste trabalho foi quantificar e analisar as doações recebidas de particulares pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia entre 1750 e 1777. Parte da historiografia “pintou” a segunda metade do século XVIII como um momento de queda nas doações, porém mostraremos que o terceiro quartel do século foi o período com a maior arrecadação oriunda de doações se comparado com todo o período anterior, partindo desde o ano de 1600. A crise aguda da instituição a partir de meados dos setecentos a princípio esteve vinculada a problemas de gestão e não propriamente pela falta de capitais, porém, com o passar das décadas, a falta de confiança da população baiana na confraria aumentou devido principalmente aos “boatos" de desmandos, mau uso e desvio do dinheiro dos doadores. Diante disso, o “capital moral” que a Misericórdia gozava no seio da sociedade baiana setecentista foi se perdendo, fazendo com que de fato as receitas começassem a diminuir.